Reativando as redes – Histórias de Rio Verde (GO)

Hoje visitamos os hospitais da cidade de Rio Verde, CRAS, supermercados e postos de saúde para fazer panfletagem sobre o desligamento do sinal e para divulgar a distribuição dos conversores para as famílias do Cadastro Único. Na oportunidade da visita aos postos de saúde, conversamos com os agentes comunitários de saúde voluntários da Coordenação de Mobilização da EAD, para pedir que reforcem às famílias a data-limite para o desligamento do sinal analógico de TV e para que nos ajudem a apoiar a população nesta etapa final de migração para o sinal digital de TV, pois o desligamento está previsto para o próximo dia 15. Ainda existem muitas famílias com dúvidas sobre os programas sociais que integram o Cadastro Único, embora a EAD tenha enviado uma mala-direta postal para as famílias contempladas com o kit conversor, com informações sobre os procedimentos que precisam tomar para a retirada dos equipamentos. Por isso, pedimos aos agentes que ajudem a população a sanar as questões e que divulguem os canais de atendimento da EAD e do MDS (Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome) para as pessoas que desejam maiores informações.

O seu Antônio Genuário nos emocionou...

 O cotidiano é aquilo que nos é dado cada dia (ou que nos cabe em partilha), nos pressiona dia após dia, nos oprime, pois existe uma opressão no presente. [...] O cotidiano é aquilo que nos prende intimamente, a partir do interior. [...] É uma história a caminho de nós mesmos, quase em retirada, às vezes velada. O que interessa ao historiador do cotidiano é o Invisível...
(A invenção do cotidiano - Michel de Certeau (1996, p. 31))

Seu Antônio Genuário foi ao CRAS Dom Miguel
agendar a data de recebimento do kit conversor.

Costumo dizer que uma das coisas mais bonitas de realizar este trabalho de mobilização na EAD  é que, como estou na rua, e lido diretamente com a população, eu vivencio experiências ímpares, e, longe da correria dos escritórios de concreto e de muitas pessoas plastificadas e "superficializadas" por um modelo de trabalho formal e, por vezes, opressor, domesticador, consigo olhar com mais atenção para os espaços e pessoas ao meu redor, e me emocionar com pequenas coisas e situações do cotidiano. Posso dizer que tenho o privilégio de poder lidar com o ser humano em essência e espontaneidade, em seu habitat natural... Hoje, durante a visita que realizei ao CRAS Dom Miguel, do bairro Céu Azul, encontrei o seu Antônio Genuário de Jesus fazendo o agendamento para receber o kit conversor da EAD. Ele descobriu que o seu nome está entre aqueles contemplados com o kit conversor da EAD, pois é beneficiário do programa Carteira do Idoso. Analfabeto, com muita dificuldade em se comunicar e com problemas auditivos, ali estava o seu Antônio Genuário... Ele estava feliz da vida com a notícia, pois é mais um brasileiro que ama a televisão e não quer, por nada, deixar de acompanhá-la. Depois de ter sido abandonado pela família, segundo o próprio relato, a televisão se tornou a sua única companhia cotidiana... Ele me contou que recentemente o seu aparelho de TV quebrou e, por alguns meses, ficou sem ver o veículo de comunicação. "Foi muito ruim, minha filha", desabafou. O irmão resolveu, então, fazer a doação de um aparelho antigo que estava sobrando em sua casa. Segundo seu Antônio Genuário, mesmo cheio de problemas, o aparelho permitiu que continuasse a assistir os programas favoritos de TV. Mas logo ele recebeu uma notícia que o deixou preocupado: o sinal analógico de TV seria desligado. Ele teria que comprar um conversor digital, mas, infelizmente, não tinha dinheiro sobrando para isso. A sua sorte mudou quando tomou conhecimento nesta semana que idosos beneficiados pelo programa federal Carteira do Idoso seriam contemplados com um kit conversor da EAD. Seu Antônio Genuário, que ficou muito feliz com a notícia, resolveu ir imediatamente buscar o seu. "Eu gosto demais de televisão, e agora vou ver uma televisão mais limpinha. A televisão é a minha companhia, tudo o que tenho em casa", comemorou. O que me emocionou, principalmente, foi imaginar que, naquele momento, muitos idosos carentes de Rio Verde, assim como seu Antônio Genuário, poderiam estar comemorando a notícia de que terão garantido o acesso a sua boa e "velha" televisão.